Nesta entrevista, Álbio Nascimento e Kathi Stertzig partilham a sua experiência na Kutxi – Residência Criativa Artesanato + Design (fig. 1, 2 e 3), em 2017, Mindelo, de colaboração e por convite do Centro Nacional de Artesanato e Design de Cabo Verde (CNAD), e na Residência Criativa em Cerâmica e Fibras Vegetais, Açores (fig. 4), 2019, de colaboração com o Centro Regional de Apoio ao Artesanato (CRAA). A primeira residência esteve a cargo do The Home Project Design Studio e da designer Susana António, e decorreu no âmbito de URDI – Feira do Artesanato e do Design de Cabo Verde, tendo reunido dezoito artesãos das várias ilhas de Cabo Verde durante três semanas, na área da olaria, cerâmica, panaria e vime.
Fig. 1 – Kutxi – Residência Criativa Artesanato + Design, Cabo Verde, 2017.
A residência de cerâmica com fibras vegetais, em 2019, nos Açores, veio no seguimento da colaboração que o The Home Project Design Studio tinha iniciado com o CRAA desde 2017, através de um convite feito por este Centro para consultoria e levantamento. A forma como abordaram esta proposta é exemplificativa da sua estratégia: propor um formato alternativo, realizando um levantamento com uma componente formativa em três ilhas: na Ilha da Terceira, na Ilha de São Jorge e no nordeste da Ilha de São Miguel.
Fig. 2 e 3 – Kutxi– Residência Criativa Artesanato + Design, Cabo Verde, 2017.
Visitaram os artesãos no seu atelier, observavam a sua atividade a fim de detetar problemas e oportunidades – que poderiam ir desde questões relacionadas com o equipamento à comunicação – e reportar ao CRAA, a fim de novas medidas serem desenvolvidas, elaborando relatórios com propostas de medidas, tanto individuais como coletivas, especificas para cada caso – podendo ir desde residências a projetos de apoio à comunicação ou formação, entre outros.
Fig. 4 – Residência Criativa em Cerâmica e Fibras Vegetais, CRAA – Açores, 2019,
No seguimento desta colaboração, o The Home Project Studio foi convidado para realizar a residência de cerâmica com fibras vegetais, em 2019, com sete artesãos: Aida Bairos (mobiliário de vime, cestaria e empalhamento), Cristina Bairos (olaria e pintura cerâmica) e Marina Mendonça (azulejaria, modelação cerâmica e cerâmica figurativa) da Ilha de Santa Maria; Maria Manuela Meneses (empalhamento) e Maria Aurélia Rocha (cerâmica, azulejaria e olaria) da Ilha Terceira; Bento Silva (capacharia e cestaria) da Ilha de S. Miguel; e Luís Lopes (barro), de Cabo Verde que trouxe até barro da sua ilha natal, Santo Antão. Utilizaram cerca de dez tipos de vime: a espadana, o dragoeiro e vários tipos de palhinha, entre outros. A residência foi sobretudo experimental, testando e tentando desenvolver novas propostas, embora no final cada um tivesse várias peças desenvolvidas e desenvolvido várias colaborações. O resultado destas experimentações veio a ser exposto na Ilha de São Vicente, Cabo Verde, em setembro de 2019.