Pois o meu processo criativo, acho que parte sempre da minha linguagem da ilustração, é inevitável esse enraizamento da ilustração. Às vezes parte da assemblagem de pequenos fragmentos. Portanto sou uma colecionadora nata de tudo, guardo tudo porque acho que tudo é fabuloso, sou uma pessoa que gosta de tudo o que encaixa, portanto passo a vida à procura de objetos que se encaixam uns nos outros e quando encaixam percebo que pode funcionar numa peça de cerâmica ou percebo que a sombra daquele objeto pode resultar num desenho que depois vou pintar e às vezes estou no meio da pintura e percebo que era fabuloso fazer um mural com aquilo que estou a desenhar e paro de desenhar e vou fazer um mural, portanto as influencias podem ser muitas e variadas, no entanto acho que está sempre presente este cunho da ilustração, mesmo quando trabalho o barro é quase impossível desassociar uma coisa da outra.
Quando refiro o “cunho” não me refiro tanto a metodologia criativa, referia-me mais a identidade, que se calhar o próprio desenho tem. Eu posso querer fazer um outro tipo de desenho, mas não consigo.
Portanto eu desenvolvo sempre trabalho relacionado, ou paralelo com a questão do tradicional e desde sempre, logo já trabalho com as mãos desde os 13 anos, onde comecei a modelar a pasta FIMO porque precisava de dinheiro para queles extras que às vezes os pais não podem dar e desde muito cedo comecei a modelar e depois mais tarde, quando fui para as artes plásticas, tive o conhecimento com a cerâmica.
A minha formação, licenciatura, não é em cerâmica, é em artes plásticas geral conquanto na escola onde estava há também design de cerâmica e estive rodeada de pessoas dessa área e tive oportunidade de aprender o básico com uma amiga que é uma grande ceramista que é a Sandra Trindade e foi ela que me transmitiu o básico dessa território e depois, quando acabei a licenciatura, acabei por ir para um curso de cerâmica criativa para o CENCAL, e a partir daí tenho sempre estada ligada a cerâmica. Desde que vim para os Açores a ligação não se perdeu, mas a ligação foi menor e nos sete anos que estou nos Açores nem sempre foi fácil ter uma casa em que pudesse trabalhar a cerâmica e sou uma pessoa que acho que devemos manter o saber tradicional e evolui-lo, quase que sinto uma espécie de responsabilidade em manter esse saber da tradição, se amanhã tiver oportunidade de aprender outra coisa decerto irei aprender.
Fiz estágio também em São Pedro do Corval que é a capital ibérica da cerâmica e do barro.